
Poetas e Homens
José Jopin
31032007
Poetas têm dores
Passadas, presentes
e até futuras.
Conhecidas, desconhecidas
e algumas que jamais vai conhecer.
Eternas e momentâneas.
Dores de amores.
Dores de encontros.
Dores de desencontros.
Permeáveis e subcutâneas.
Não tires a dor do poeta.
Não busque curá-lo.
São homens de almas sãs.
Não desperdiçam sentimentos,
embora pareçam vãs.
Não moram nos seus lamentos.
Passar a limpo a alma do poeta.
Atrever-se a livrá-lo das dores.
Tem um preço muito alto
pois junto, nessa esteira,
vão-se também os amores,
É tirar-lhe a sensível lente
com que percebem o mundo.
É tirar-lhe o dom de ver.
É bani-lo de seu lugar mais profundo.
É permiti-lo não viver.
Aproximar-se de um poeta
é uma concessão,
sem que pareça pretensão.
É deixar que leia sua alma.
É nadar na mesma braçada.
É beber no mesmo gole.
É sentir o mesmo arrepio.
É deixar sentir-se em sua dor.
É juntar-se a seu vazio.
No afã do preencher.
Não traga adstringentes.
Não queira higienizar sua alma,
muito menos sua mente.
Eugenia não combina com poesia.
Venha sim, como bálsamo.
Como no mar o sal.
Como terra na semente.
Como a sutileza da serpente,
mas com dimensão universal.
São assim os poetas.
Somos assim,
iguais a quaisquer outros homens.
Externa,
mas não internamente.
Por menos, somos iguais;
Por mais, que sejamos diferentes.
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