5 de mai. de 2007

Quando o meu corpo for aurora. - Aroldo Filho



QUANDO O MEU CORPO FOR AURORA

Seremos História um dia
Reminiscências de quem nos inventou
nas láudas vastas de cada filamento inspirado
De homens em personagens
do escritor empenhado
nos falsificará a caneta alquimista
Figuras mistas de mistérios subdesvendados
séculos a fora
Quando o meu corpo for aurora,
quem sabe parte de mim
seja banhada por lágrimas
salinas enquanto meus raios luminosos
incandeiam minha própria escuridão
Sou o Universo em expansão,
mescla de tantos outros quanto existirem
Serei maior do que a síntese de agora,
esse corpo me engana ao prender-me
à essa consciência que em mim aflora
Estarei livre como outrora,
antes de viver
Vida e morte se irmanam,
como nunca vou saber,
num ciclo que transforma matéria bruta em ser
Esse eu que avisto é um equívoco
que habita em mim
Por que sinto que sou tudo
se não sei nada fora desse ser pensante,
minha infinda divisão,
habitante do pensamento,
que se opõe à liberdade tardia?
Amanhece, outro ilusório dia,
nesse tempo irreal,
da noite, que me irradia

AROLDO FILHO
Fortaleza-Ceará
4h e 17 min15\04\2007

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