19 de mai. de 2007

OLHOS DE RECIFE - Claraflor de Maio


Olhos de Recife
Por Claraflor


Curvas repletas de vagalumes enfileirados em filas duplas,
engarrafados pensamentos no caos da saudade,
brilhando em tuas curvas
enfeitadas com colares de faróis acessos;
Os mesmos olhos que já estiveram abraçados
aos do retrovissor,
agora estão cegos,
perdidos no nexo sem nexo
do que deu carona,
aos recifes de sonhos perdidos e achados ...
Mar de larvas do planalto central
queima o íntimo, o secreto, o labirinto
dos segredos que o eu escondeu de mim
para que'u não soubesse
a certeza dúvida da maldição dos anjos!
Vou, de mãos dadas com o amor,
perdido em flores de ipês rosar e amarelos;
flores que um dia foram rosas vermelhas
surpreendendo-me do que eu mesmo
nunca acreditei que pudesse tanto: duvidei!
Chego ao colo trivial dos teus poderes inutéis,
ao que me aquece os olhos marejados
de sonhos-pesadelos que ainda me acendem a alma da desumana ilusão;
lágrimas de silêncio tremendo em tuas chamas...
No panteaon do vazio
encontro apenas o abraço das folhas secas,
dançando no vento frio de Maio
e o gosto tinto, de sangue,
ardendo-me com o frio da ausência;
o coração, que me fere
pra servir-me de exemplo
ou por vingança
ainda me mantem vivo.
Morro lentamente olhando na lua de Brasília
os olhos de Recife...



Maio 2007

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