20 de mai. de 2007

ONDAS DO NÁUFRAGO (espelho d'agua) - Marina Castro



Como a criança que destói o próprio brinquedo:
(pra fazer-se herói de um alheio medo!)
eu cheguei por aqui
ainda com a cabeça meio por aí...
surtando o pouco efeito de uma crença:
não bastava que entrasse de cabeça
pra colher das pedras o ouro da expedição!

Mas, retorno a minha vez de tomar a direção...
vou colocar o carro na frente dos bois!
Cansei dessa contra-mão-imediata
que sempre coloca o futuo
em cima do muro-depois!

E os que crêem cegamente
também pagarão pra ver
o custo do grito ser mais evidente
por uma única razão:
não se aceitar que os olhos só vêem...
o que o coração sente!

Areia movediça
moca essas montanhas...
pois o que aqui vai ao chão
retorna como pétalas ao sabor-furacão!


1997

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